Levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil do país aponta que 599 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano em Mato Grosso do Sul.
Os dados, pela primeira vez consolidados a nível estadual, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por ao menos um terço da orfandade no estado, correspondendo a 176 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 546 órfãos.
O levantamento cruzou dados de CPFs dos pais que vieram a óbito com o registro de nascimento dos filhos entre os anos de 2021 a 2024. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul (Arpen-MS), o cruzamento das informações a partir de 2021 só foi possível depois da obrigatoriedade da inclusão do CPF dos pais na certidão de nascimento dos filhos, que entrou em vigor em 2019.
De acordo com o levantamento, quando consideradas apenas crianças e adolescentes que ficaram órfãos dos dois pais, os números diminuem consideravelmente. Em 2021 foram 13, em 2022, 10, em 2023, 10 e, em até outubro de 2024, 9 órfãos.
Para o presidente da Arpen-MS, Marcus Roza, a consolidação dos dados assegura direitos básicos e são essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas às crianças e adolescentes.
“Dados estaduais de orfandade são essenciais no desenvolvimento de políticas públicas, no planejamento e execução de medidas de proteção e acolhimento de crianças e adolescentes. Em especial, no contexto da pandemia de Covid, é um mecanismo de identificação e compreensão do impacto social e econômico da perda de pais e responsáveis”, explica Roza.
COVID-19
Os dados apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, 216 crianças órfãs de pelo menos um de seus pais no Mato Grosso do Sul.
Ainda segundo o estudo, ao menos 2 crianças perderam os dois pais em razão da doença causada pelo novo coronavírus.
O levantamento aponta, ainda, reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como Infarto, AVC, Sepse e Pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.